Altina Mar
VIAJOR
Inauguração: 6 fevereiro, das 18:30h
Exposição: de 7 fevereiro o 8 de março, de 2025 | Seg. a sex. 12h-19h, sáb. 14h-20h
Sociedade Nacional de Belas Artes
Rua Barata Salgueiro, nº 36, Lisboa
A Exposição Viajor agora em exibição na Sociedade Nacional de Belas Artes entre 7 fevereiro e 8 março de 2025, pretende ser uma interpretação simbólica da epopeia dos Descobrimentos Portugueses, uma homenagem a Luís Vaz de Camões e ao seu poema épico Os Lusíadas, assinalando os 500 anos da vida e obra do poeta.
A obra consiste num políptico de tapeçarias, criadas entre 1993 e 2024, que marca o ponto de partida e de chegada de uma narrativa visual. Evoca os passos, encontros e desencontros desta epopeia, refletindo também uma conquista pessoal com uma finalidade estética e espiritual.
Abarca duas fases distintas da carreira criativa da artista: as tapeçarias de caráter clássico, apresentadas pela primeira vez em 2002 na exposição Pátria-Mundo, no Museu Nacional do Traje, e as de caráter contemporâneo e experimental, exibidas em 2023 na exposição Habitat e a Poética dos Cinco Sentidos, no Museu Nacional de História Natural e da Ciência.
Apesar das diferenças estilísticas, o caráter narrativo é uma constante em toda a exposição. Seja por meio de representações figurativas ou abstratas, as tapeçarias possuem uma dimensão profundamente pessoal, tornando-se enigmáticas e convidando o espectador a interpretar seus títulos e subtítulos como um percurso iniciático.
As técnicas utilizadas combinam o cruzamento binário dos fios, seguindo tanto a tradição clássica da Manufacture des Gobelins quanto abordagens experimentais contemporâneas. A obra incorpora uma ampla variedade de materiais, desde fibras naturais, como linho, lã, seda e algodão, até fibras artificiais funcionais e climatéricas. Metais nobres, como prata, cobre e ouro, assim como pedras, conchas, vidro e pedras semipreciosas, enriquecem a composição, juntamente com elementos inusitados de caráter surrealista, como socas, pás e rocas, conferindo uma dimensão simbólica e descritiva singular.
A constante evolução criativa impulsiona a experimentação de novos materiais e formas de captar a luz, criando atmosferas inovadoras. A tapeçaria expande-se em múltiplos planos, proporcionando uma experiência sensorial envolvente, buscando harmonia entre caos e ordem. A obra revela a coexistência de opostos, como masculino e feminino, técnica e sensibilidade, ciência, arte e natureza, num equilíbrio singular.
Em permanente transformação, a obra reflete a impossibilidade da sua conclusão, apontando para um caminho de reconciliação com o planeta, inserido numa estética de resistência.
Luisa Moreira
Inspirado em textos de Dra. Madalena Braz Teixeira, in catálogo Pátria Mundo, 2000 e de Altina Martins, in catálogo Habitat e a Poética dos Cinco Sentidos, 2023
Altina Mar
“Tecer é um fluxo de habilidades que se entrelaçam, é uma arte misteriosa”
Maria Altina Martins, mais conhecida como Altina Mar (1953), iniciou a sua trajetória na tapeçaria no início da década de 70 do século XX. A sua formação e o refinamento da sua sensibilidade artística e técnica contaram com o apoio fundamental da Fundação Calouste Gulbenkian, que concedeu à artista duas importantes bolsas de estudo. A primeira bolsa, em 1978/1979, permitiu-lhe realizar uma investigação aprofundada sobre Métodos Naturais de Tecelagem e Tintagem, que desenvolveu nas regiões de Coimbra, Minho e Trás-os-Montes. A segunda bolsa, entre 1995 e 1996, levou-a à Manufacture des Gobelins, em Paris, onde se especializou em Tapeçaria de Alto-Liço, uma das mais prestigiadas escolas de tapeçaria do mundo.
O percurso expositivo de Altina Martins é longo e conta com dezenas de exposições individuais e colectivas.
Além da sua vasta obra, Altina Martins deixa um legado igualmente significativo no campo do ensino dos têxteis. Como docente na Escola Artística António Arroio, em Lisboa, desempenhou um papel fundamental na formação de várias gerações de alunos, desde 1981-1982 até 1988-2021. Ao longo dessas décadas, não apenas ensinou técnicas, mas também inspirou uma nova compreensão e valorização da tapeçaria como arte, perpetuando o seu legado na educação e na preservação desta tradição.
Está representada nas seguintes Coleções institucionais e privadas: Santuário de Fátima (1990); Centro Ismaelita de Lisboa (1991);Câmara Municipal de Montalegre (1992); Museu Nacional do Traje (1993), (2000) e (2008); Biblioteca de Montalegre (2004); Biblioteca de Albufeira (2004); Museu dos Lanifícios da UBI, Covilhã (2010); Museu Nacional do Teatro (2011); Palácio de Alpedrinha da C.M. do Fundão (2012); Ecomuseu de Montalegre (2014); Fundação Calouste Gulbenkian (2020).